Secretária Márcia Rollemberg participa de reunião de alinhamento com Pontão de Cultura Territórios Rurais e Cultura Alimentar
- ecomuseurural

- 21 de out.
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O Pontão de Cultura Territórios Rurais e Cultura Alimentar realizou a segunda reunião de alinhamento com a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, com a presença da Secretária Márcia Rollemberg. O encontro teve como objetivo avançar na construção coletiva da proposta do Protocolo da Cultura Viva, voltado para ações de prevenção, resposta e reconstrução frente a desastres ambientais, climáticos e pandêmicos.

Estiveram presentes integrantes do Grupo de Trabalho do Protocolo, formado por representantes do Fórum Nacional Territórios Rurais e Cultura Alimentar, da Rede Nacional de Pontos de Cultura e de Memórias Rurais, além de representantes do Ministério da Cultura. Participaram da reunião Paula Maracajá (Cine Rural), Raimundo Muniz Carvalho (Instituto Cresça), Rackson Coelho (Instituto Maria Conga), Ademar Ribeiro Soares (Projeto Capacitar), Cláudio Paolino (EcoMuseu Rural) e Maria Aparecida de Alcântara (Rede Tucum). Também esteve presente Giselle Dupin, coordenadora da Diretoria de Promoção da Diversidade Cultural do MinC. O grupo deu continuidade ao diálogo sobre a estrutura conceitual e estratégica do Protocolo da Cultura Viva, reforçando a importância de articular cultura, território e justiça climática como dimensões indissociáveis das políticas públicas contemporâneas.
Em sua intervenção, Márcia Rollenbeg destacou a relevância de incorporar ações de prevenção ao protocolo, com atenção especial a práticas de consumo consciente, gestão de resíduos e reciclagem, além de fortalecer a relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a agenda da COP30. Ela ressaltou que a cultura não deve ser tratada apenas como setor impactado pelas mudanças climáticas, mas como agente mobilizador, articulador e transformador nos territórios. Também enfatizou que muitos Pontos e Pontões de Cultura estão situados em áreas de maior vulnerabilidade ambiental, o que reforça o caráter estratégico dessa política.
Cláudio Paolino, representando o EcoMuseu Rural, compartilhou experiências práticas vividas em desastres anteriores, destacando a importância da comunicação comunitária, do uso de rádios PX e antenas GESAC para garantir conectividade em situações de emergência. Ele reforçou que os Pontos de Cultura frequentemente são os primeiros a atender as comunidades atingidas antes da chegada de órgãos oficiais, o que justifica a necessidade de capacitação, estrutura mínima e planejamento prévio nesses espaços. Sua fala evidenciou como os equipamentos culturais comunitários podem funcionar como centros de acolhimento e articulação local.
Maria Aparecida de Alcântara, da Rede Tucum, trouxe a perspectiva das comunidades tradicionais e a importância de incluir no protocolo estratégias de prevenção adaptadas aos contextos locais, com atenção especial à formação comunitária e ao fortalecimento dos vínculos territoriais. Ela destacou que as comunidades rurais enfrentam impactos contínuos, como enchentes e secas, e que o Protocolo da Cultura precisa refletir as realidades diversas dos territórios. Sua fala reforçou a necessidade de um instrumento vivo, construído coletivamente e com respeito aos saberes tradicionais.
Paula Maracajá, Raimundo Muniz Carvalho, Rackson Coelho e Ademar Ribeiro Soares também trouxeram contribuições importantes, enfatizando a dimensão pedagógica e formativa do protocolo. Destacaram a importância de que ele sirva não apenas como referência para emergências, mas também como ferramenta de mobilização permanente, promovendo o envolvimento das comunidades culturais na prevenção e mitigação de riscos. Os participantes reforçaram ainda a necessidade de articular o protocolo com redes já existentes, ampliando seu alcance e efetividade.
Márcia Rollenbeg sugeriu que o conteúdo do Protocolo da Cultura seja nacionalizado e fortalecido por meio das Teias da Cultura Viva e seminários temáticos, ampliando a visibilidade e a adesão de diferentes territórios e redes culturais. Destacou, de forma mais específica, que a Teia Nacional da Cultura Viva, o Seminário Internacional de Culturas Tradicionais e Justiça Climática e a COP30, em Belém, representam marcos estratégicos para amplificar a presença e a incidência política da pauta cultural na agenda climática. Ela propôs, ainda, a criação e fortalecimento da Rede Cultura Viva pelo Clima, articulando Pontos e Pontões de Cultura em torno de ações e narrativas compartilhadas sobre justiça climática, prevenção de riscos e defesa dos territórios. A secretária destacou a ideia de consolidar os Pontos de Cultura pela Justiça Climática como eixo mobilizador dessa rede, ampliando sua capacidade de incidência política e de articulação com agendas nacionais e internacionais.
A secretária também defendeu que a pauta cultural deve dialogar de forma consistente com as políticas ambientais e climáticas, destacando a importância de inserir as ações do protocolo em espaços estratégicos, como o Seminário de Clima e a COP dos Povos, no âmbito da COP30. Ela reforçou que, mesmo diante de restrições orçamentárias, é possível garantir inserção política e institucional da cultura nesse debate, com protagonismo das redes comunitárias e culturais.
Por fim, a reunião destacou a importância de estratégias intersetoriais, envolvendo outros ministérios, órgãos públicos e redes da sociedade civil. Ficou evidente que o Protocolo da Cultura Viva deve ser construído como uma ferramenta coletiva, baseada em experiências concretas, articulando prevenção, resposta e reconstrução com práticas sustentáveis e justiça climática. O encontro consolidou a convergência dos participantes e reforçou o compromisso de seguir com a mobilização e sistematização coletiva da proposta, fortalecendo a presença da cultura nas agendas ambientais e de emergência.



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